terça-feira, 18 de março de 2014

Uma analise verdadeira da feminista Amélia!

A Revista Amélia é constante e insistentemente acusada de machista. No entanto, não há revista mais feminista que ela!!!
Uma das críticas que mais correspondeu a realidade foi de uma fêmea às edições da Revista Amélia : "Mas essa revista só tem conselhos para as mulheres!! Meu marido também precisa de conselho!". Apesar da Revista ter uma seção DELES, não tive como discordar da moça.
Além disso, a própria letra da música que inspirou a Revista, Amélia, é descrita pelas feministas como machista!
Mas, o blog Treta, fez uma corretíssima analise pormenorizada da letra da música e chegou a diferente conclusão : Analise verdadeira da feminista Amelia


Comecei a prestar atenção no "Hino da Mulher Perfeita" com a má-intenção acusatória de uma feminista no Twitter, já trazendo à tona todo o peso histórico que tal canção possui no imaginário popular. E qual não foi minha surpresa quando descobri, perplexo,
que todo o mito construído ao redor da personagem não encontra qualquer respaldo na letra de Ataulfo Alves e Mário Lago.

O samba-canção foi escrito em 1942, época em que a sociedade atravessava importantes transformações no contexto sócio-cultural em todo o mundo. Na medida em que se consolidava o modelo urbano-industrial, percebia-se os primeiros momentos de transgressão ao paradigma da submissão feminina à estrutura patriarcal.

Pela primeira vez na história, começava-se a admitir a (remota) possibilidade da mulher não servir apenas para atividades domésticas e fins reprodutivos, e obviamente esta nova configuração do sexo feminino no contexto familiar enfrentou desde essa época alguma resistência.

Para tentar elucidar a questão, vamos analisar "Ai Que Saudades de Amélia", por partes:
Nunca vi fazer tanta exigência
Nem fazer o que você me faz
Você não sabe o que é consciência
Nem vê que eu sou um pobre rapaz

Você só pensa em luxo e riqueza
Tudo o que você vê você quer
Ai meu Deus que saudade da Amélia
Aquilo sim é que era mulher

 
Nas duas primeiras estrofes, dirigidas diretamente à atual parceira do narrador, percebe-se um enunciado de críticas à personalidade da mulher, que faz muitas exigências, e age inconsequentemente, aparentando ignorar as circunstâncias financeiras do parceiro e o orçamento familiar. Ou seja, exatamente o que todo homem costuma dizer quando chega a fatura do cartão de crédito, repleto de despesas frívolas.


Conclusão: Não existe aqui alvo mais atingido pelas críticas dos autores do que o consumismo desenfreado da sociedade capitalista contemporânea.
Às vezes passava fome ao meu lado
E achava bonito não ter o que comer
E quando me via contrariado
Dizia "meu filho o que se há de fazer"
 
Na terceira estrofe, referindo-se às características de seu amor do passado, Amélia, o narrador conta um pouco de sua própria história, contextualizando suas condições sociais insatisfatórias. Não está escrito em lugar nenhum que Amélia passava fome ao lado do companheiro por ser subserviente ou masoquista. Uma interpretação mais pura poderia considerar a hipótese da mulher ser solidária, afinal de contas. E quer prova maior de que ela, sim, sabe o que é consciência? Somente uma alma muito nobre e iluminada é capaz de encontrar beleza na miséria.

Conclusão: Sua resignação não advém de qualquer relação de submissão, pelo contrário, a mulher se coloca em posição de superioridade e se encarrega de, em tom maternal, aquietar as angústias do parceiro perante as injustiças da vida.

Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade
 
A última estrofe enterra qualquer possibilidade de dúvida sobre a crítica central da obra. Não adianta espernear: por mais que o cérebro humano trabalhe com este tipo de associações convenientes e interpretações extensivas, não há uma letra sequer na canção que negue a possibilidade de Amélia ter sido uma mulher politizada e engajada na causa feminista, enquanto a atual não passa de uma marionete do sistema capitalista.

Conclusão: Amélia não tinha a menor vaidade porque não precisava se submeter aos padrões de beleza impostos pelo patriarcado, exatamente como as feministas atuais que condenam a depilação e a chapinha.

Obviamente eu não sou nenhum especialista em nenhum dos temas aqui abordados e pode ser que tudo isso não passe de uma viagem psicotrópica, mas em última análise nosso exercício cognitivo pode servir pra ilustrar como estamos sempre envolvendo nossos próprios preconceitos na interpretação de uma mensagem.

Na versão defendida pelos autores o samba seria originalmente uma singela homenagem à saudosa dona Amélia dos Santos, lavadeira da cantora Aracy de Almeida e famosa por ser extremamente competente em diversas funções do serviço doméstico. Uma ode legítima ao proletariado.

Conclusão: Amélia pode muito bem ter sido feminista, mas certamente não era sindicalizada.

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