São incansáveis as acusações contra os homens casados que pulam a cerca. Nunca ninguém pensa nas dificuldades enfrentadas por esses pobres homens que passam por situações nada fáceis na vida de qualquer pessoa.
São verdadeiros incansáveis artistas que só buscam a felicidade de todas as pessoas.
Embora seja fácil acusa-los de traidores, vemos abaixo uma excelente defesa a esses homens no depoimento de Joao Pereira Coutinho, colunista da Folha, com o qual a Revista Amélia concorda e cita-o como um depoimento que "Torna o Mundo Melhor!" :
Embora seja fácil acusa-los de traidores, vemos abaixo uma excelente defesa a esses homens no depoimento de Joao Pereira Coutinho, colunista da Folha, com o qual a Revista Amélia concorda e cita-o como um depoimento que "Torna o Mundo Melhor!" :
Em defesa do homem infiel
Será preciso relembrar que um homem infiel é um homem em
sofrimento?
Quando digo isso ao meu auditório feminino, há uma certa hostilidade no ar.
Gritos. Desmaios. Ameaças de violência. E acusações pungentes de que sou um
canalha. Não necessariamente por essa ordem, claro.
Quando as coisas acalmam, eu saio de baixo da mesa e alguém informa que nas infidelidades de um homem só existe uma verdadeira vítima: a mulher. E, em caso de prole, os filhos. Nunca o homem infiel. Nunca o homem infiel? Lamento discordar. A infidelidade masculina é das situações mais angustiantes e desgastantes para qualquer macho.
Quando as coisas acalmam, eu saio de baixo da mesa e alguém informa que nas infidelidades de um homem só existe uma verdadeira vítima: a mulher. E, em caso de prole, os filhos. Nunca o homem infiel. Nunca o homem infiel? Lamento discordar. A infidelidade masculina é das situações mais angustiantes e desgastantes para qualquer macho.
Sem falar de desgaste financeiro. Um homem infiel é, por definição, um homem
de dois orçamentos. Um homem infiel nunca paga um jantar. Paga dois. Uma jóia
não é uma jóia. São dois anéis, dois colares. E se vocês acham que umas férias
nas Caraíbas são o supremo sonho, desenganem-se: pagar duas passagens e dois
hotéis arruina qualquer carteira. Agora multipliquem pelo número de amantes. É
sempre a subir: três jantares, três anéis, três passagens, três hotéis. O mesmo
homem. O mesmo desgraçado.
Mas o desgaste físico e financeiro não é nada quando comparado com o desgaste
mental. Um pequeno demônio que ataca nas pequenas coisas. No esforço continuado
para nunca trocar os nomes, por exemplo. "Querida, eu não disse Ana. Disse
Joana. O que foi que você ouviu?"E depois contamina as grandes coisas: a necessidade de elaborar planos para
que as mulheres nunca se encontrem. Um homem infiel nunca vive na paz dos
inocentes. Na paz da mulher enganada. Um homem infiel é uma agenda ambulante.
Para ele, um dia não é um dia: é uma estratégia de batalha, com horários fixos e
medos infantis de que a porta do elevador possa abrir na altura errada. O stress
e a ansiedade são simplesmente intoleráveis.
E se vocês acreditam que Borges ou Kafka eram dotados de criatividade,
lamento informar-vos: não existe romancista que se compare à fértil imaginação
do homem infiel. Porque ele produz e reproduz mentiras oralmente. Não as
registra. Não as escreve. Ele funciona como os antigos rapsodos da Grécia, que
sabiam Homero de cor e salteado. Isso exige um esforço de memória torturante
para não arruinar a narrativa oficial com caprichos, ou esquecimentos,
momentâneos. Um homem infiel tem de ser coerente até à insanidade.
Entendo que o auditório sinta uma simpatia imediata pela mulher enganada. Mas
assistindo à confissão pública do governador de Nova York, alguém deveria
afirmar, de uma vez por todas, que quando um homem engana uma mulher, quem mais
sofre, normalmente, é ele. Do princípio ao fim.
Com esse sensacional depoimento, a Revista Amélia espera que na próxima vez que você for acusar um homem pego pulando a cerca, de safado ou algo pior, pense também nas angustias desse pobre homem, que fez de tudo para ninguém saber de nada e assim, manter todas as pessoas envolvidas felizes, mas, por algum azar, não consegiu. Tadinho!
Esse pobre e injustiçado homem, que mais parece um santo, merece o respeito da Revista Amélia.
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